BGS 2024: Indies, sim, menores, mas “indiespensáveis”

Por Denis Bortolaço.

 

Não é difícil perceber que estamos em um período de “estiagem” na história dos videogames. Diante do contexto atual, o uso dessa metáfora me soa bastante apropriado, pois a escassez de originalidade e ousadia, com raras exceções, há muito abandonou os títulos AAA.

Para cada Baldur’s Gate 3, Alan Wake 2 ou The Last of Us Part II, transbordam incontáveis outros jogos que, devido aos grandes montantes investidos, preferem adotar a segurança de fórmulas já exploradas à exaustão. Ou seja, há um oceano de genéricos Mundos Abertos e FPSs que pouco se distinguem entre si.

Se, no vasto território dos gigantes, há muito a se perder, na modesta geografia dos desenvolvedores independentes reside uma necessidade que, além de ser um valioso trunfo, é a criatividade. Nesse meio, a inovação não é apenas uma possibilidade, mas um pré-requisito para a própria sobrevivência. Ser diferente e disruptivo (obviamente, com qualidade) é imprescindível para ser notado.

A GAMEscola fez bonito com Keys And Kastles, ficando em oitavo lugar na votação de Melhor Jogo Independente da BGS 2024, feita pelo site The Geek News. Essa posição se torna ainda mais honrosa ao sabermos que havia cerca de 80 competidores na categoria.

Entre os indies que pude testar, considero Neva o mais competente. Visualmente deslumbrante e metafisicamente poético, ele nos submerge na sublime jornada e na densa relação afetiva entre uma jovem chamada Alba e Neva, um lobo branco, desenvolvido pelo Nomada Studio, com sede em Barcelona e aclamado por GRIS, seu primeiro e anterior projeto.

Porém, em se tratando de originalidade, só me vem um nome à mente: Necrosphere64. É difícil defini-lo em palavras, mas vou tentar… Ele é um Metroidvania com apenas dois botões e gráficos que nos remetem à época do Atari 2600. Igualmente inclassificável e imperdível. VEJA NA STEAM AQUI

Migrando para ares mais sombrios, não posso deixar de citar o atmosférico Opus Castle, baseado na trágica história do Castelinho da Rua Apa, localizado na cidade de São Paulo. O jogo apresenta uma atrativa experiência de terror psicológico em primeira pessoa, com progressão ancorada na coleta de itens-chave e na decifração de enigmas. Inclusive, uma curiosidade é que Opus Castle foi dublado por Bruno Sangregorio, responsável pela localização de Keys And Kastles.

Já Looppip traz gráficos muito coloridos e uma aura dos consoles de 16 bits, combinando de modo inteligente plataforma com o manejo temporal para acessar locais aparentemente inacessíveis.

E, ao emprestar aspectos do arquétipo dos piratas, além de elementos de gêneros como Metroidvania e Soulslike, Mark of the Deep entrega uma jogabilidade ágil e precisa, na qual o gerenciamento de desvios e ataques é fundamental.

Evidentemente, há diversos outros indies tão relevantes quanto os que citei. Contudo, preferi me ater apenas aos que testei e dos quais posso falar com alguma propriedade. Convido você a procurá-los na Steam. Afinal, a maioria deles está lá com demonstrações jogáveis ou, ao menos, vídeos de gameplay.

E, para terminar, deixo um pedido: caso você goste de algum deles, clique para que ele seja adicionado à sua lista de desejos. É um gesto aparentemente simples, mas que ajuda bastante os desenvolvedores independentes. Sem dúvida, para eles, sua contribuição não só é extremamente importante e bem-vinda, mas pode ser o fator que decidirá sua existência.

Denis Bortolaço é poeta, escritor e editor-chefe da revista VideoGame e do site www.filosofiagrega.com.br – Escreve sobre games desde 2015, estuda filosofia e letras, e tem um livro de poesia e quatro contos publicados em formato digital na Amazon. CONHEÇA AQUI.

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